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31/03/2017ㅤ Publicado às 09:34

 

Por Karinne Santiago Almeida Dantas*

Vivemos num momento histórico para as mulheres onde há um paradoxo entre os casos de empoderamento e os muitos casos publicizados de humilhação. Infelizmente, diariamente assistimos casos bárbaros de assassinatos brutais de mulheres por seus parceiros, rótulos de vadias, evocando-se um perigoso senso de justiça com o intuito de se punir a mulher por situações diversas onde a mesma é enquadrada como a “culpada” porque usou uma roupa mais provocante ou porque conversou com alguém.  Há uma violência cotidiana de palavras, fortalecida pela relegação da mulher em submissão ao homem, ao estado, às convenções religiosas e sociais.

 

Ainda encontramos muitos homens, não todos, que ainda não admitem o rompimento de suas relações com suas companheiras, ou mesmo a falta de submissão de suas parceiras, fazendo com que as mulheres, quando finalmente conseguem conduzir suas próprias vidas, acabam vitimadas por crimes de ódios, estimulados pela quase total indiferença do estado e da sociedade.

 

Há mulheres presas em casa, vítimas de ciclos de violência diariamente, por parceiros que da porta de casa para fora parecem ótimas pessoas, mas em suas intimidades são manipuladores, controladores e emocionalmente instáveis, o que provoca situações de humilhação e em casos extremos, ocorre a conseqüência maior, o feminicídio. Essa violência verbal, as ameaças, perseguições, com traços de “paranoia” e obsessão são reconhecidos atualmente como violência contra a mulher e precisam ser denunciadas, pois levam a penas diversas impostas hoje pelas leis brasileiras.

 

O machismo repassado há gerações é uma das principais causas de toda essa situação que precisa ser contornada, além da correta punição aos agressores, acompanhamento psicológico por parte do estado poderia ser uma medida interessante para diminuir os casos ou mesmo evitar futuros crimes hediondos.

 

E obviamente uma reconstrução do saber da sociedade sobre o papel da mulher, sua condição de pessoa humana e suas particularidades. E é isso que o empoderamento trás aos enfrentarmos atuais: coragem, respeito e informação para que nós mulheres estejamos prontas para enfrentar os embates diários.

 

Enfim, diante de tudo isso, acredito que comemorar o dia da mulher significa mesmo chamar a atenção da sociedade para que esse quadro de desigualdade e de humilhação mude, estamos em 2017, onde várias amarras sociais estão sendo desatadas, onde a mulher chega a patamares nunca antes alcançados, em vários meios e isso não pode e não deve ser ignorado! Caminhos foram percorridos, sonhos foram alcançados! O castelo deve continuar a ser edificado e não destruído.

 

*Mulher, mãe, Arquiteta e Urbanista (UNIT/SE), especialista em Design de Produtos (UNEB/BA), conselheira estadual do CAU/SE, ex-presidente do CAU/SE, professora efetiva EBTT do Instituto Federal de Sergipe do Curso de Edificações, Campus Aracaju e membro do Grupo de Pesquisa Urbanismo e Sustentabilidade e Projeto, Paisagem e Sustentabilidade do Instituto Federal de Sergipe

 

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