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08/03/2018ㅤ Publicado às 08:09

Para celebrar o Dia da Mulher, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Sergipe (CAU/SE) publica a Série Mulheres do CAU/SE, durante o mês de março textos variados escritos pela presidente e conselheiras estaduais sobre a mulher.

Abrindo a série, um rico artigo, escrito pela presidente do CAU/SE, arquiteta e urbanista, Ana Maria de Souza Martins Farias, que retrata resumidamente a história da inserção da mulher no mercado de trabalho. Vale a leitura.

A inserção da mulher no mercado de trabalho de Arquitetura e Urbanismo

Por Ana Maria Farias*

Antes da Revolução Industrial as mulheres já estavam no mercado de trabalho, em atividades que garantiam o sustento, em trabalhos remunerados como: trabalhadoras de lavoura, fiadeiras, criadas domésticas, enfim em trabalhos considerados femininos e muitas vezes considerado trabalho invisível.

Com a Revolução Industrial no final do século XVIII as mulheres ingressaram no mercado de trabalho, em ocupações visíveis e a figura das mulheres no mundo do trabalho passou a ser perturbadora e consequentemente, o trabalho feminino na sociedade patriarcal passou ser visto como um problema, uma vez que mulheres transferiram o trabalho que antes era realizado no lar, para a fábrica, deixando de desempenhar na totalidade o trabalho de cuidar da família e da maternidade.

As mulheres apesar de terem ingressado no mercado de trabalho não tiveram logo acesso a atividades que exigissem educação superior. No Brasil em 1816 foi fundada a Academia de Belas Artes. Segundo Sá (2010), após a criação do curso de Arquitetura e Urbanismo da FAU-USP, de 1952 -1959 do total de formados 15% eram mulheres e o crescimento de mulheres na profissão até os dias atuais ampliou-se aceleradamente. Considerando as estatísticas em 2012, segundo o censo do CAU/BR existiam 83.754 arquitetas, o que representa 61% mulheres do total de arquitetos brasileiros. Hoje, em 2018 existem mais de 97.093 arquitetas e urbanistas no Brasil, o que representa 62,6% mulheres no mercado da arquitetura e urbanismo nacional (dados do CAU/BR).

Em Sergipe segundo dados do IGEO (março/2018) existem registrados no CAU/SE 1110 profissionais ativos dos quais 685 (61,72%) são mulheres 425 (38,28%) são homens, em uma relação que o número de mulheres registradas é bem maior do que o número de homens no exercício da profissão.

De acordo com esses dados é importante refletir as questões de igualdade de gênero na profissão, pois é necessário saber quanto as questões da remuneração, se as mulheres como maioria recebem salários iguais aos salários masculinos, pois tradicionalmente no mercado de trabalho existe a tendência das mulheres receberem remuneração menor, havendo uma desproporção entre o crescimento das mulheres na profissão nas últimas décadas  e o crescimento da remuneração das mulheres, pois permanece presente no mercado de trabalho a diferenciação de valores pagos a homens e mulheres.

Presidente do CAU/SE, Ana Maria Farias

Além da remuneração é importante citar que é necessário se dar maior visibilidade para o espaço conquistado por mulheres na profissão, pois percebe se que a produção masculina é mais divulgada e festejada do que a produção feminina. A exemplo do Prêmio Mulher na arquitetura de 2018, conquistado pela arquiteta peruana Sandra Barclay e o prêmio Moira Gemmil para jovens arquitetas conquistado pela arquiteta paraguaia Glória Cabral. Portanto o dia Internacional da Mulher deve ser visto como um dia para reafirmarmos a nossa luta por novos horizontes e conquistarmos reconhecimento, valorização e autonomia.

*Ana Maria de Souza Martins Farias é arquiteta e urbanista, professora doutora da Universidade Federal de Sergipe (CAU/SE) e presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Sergipe (CAU/SE).

 

 

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