Mulheres na arquitetura e a desigualdade de gênero no Brasil
30/12/2020 |
Em julho de 2020, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR) divulgou o 1º Diagnóstico de Gênero da Arquitetura e Urbanismo, realizado online de julho de 2019 a fevereiro de 2020.
O CAU/BR após a divulgação do levantamento deliberou através de sua Comissão Temporária de Política para a Equidade de Gênero, a inclusão na “Carta à Sociedade e aos Candidatos nas Eleições Municipais de 2020”, propostas para a promoção da igualdade entre homens e mulheres, já que o levantamento retrata a desigualdade de gênero que caracteriza a sociedade brasileira, sinaliza a urgência de se efetivar políticas e ações que primem pela igualdade, não apenas nas competências da Arquitetura e Urbanismo, mas em todas as instâncias da sociedade.
De acordo com 1º Diagnóstico, os números extraídos do SICCAU, do total dos arquitetos e arquitetas urbanistas ativos, as mulheres são maioria em todos os Estados brasileiros. Há também um recorte racial relacionado a tipos de assédio (sexual e moral), violência sexual e discriminação de gênero no trabalho, revelando a maior inequidade de todo o diagnóstico: 59% das mulheres negras entrevistadas declararam sobre discriminação de gênero, contra 8% dos homens brancos; 47% delas foram assediadas moralmente e 21% enfrentaram o assédio sexual.
No Brasil, só no período natalino de 2020, foram registrados pelo menos seis casos de feminicídio, tipificado pela Lei 13.104 de 2015 e definido como um homicídio em contexto de violência domestica e familiar ou em decorrência do menosprezo ou discriminação à condição de mulher, normalmente praticado por alguém do convívio da vítima, dentro de casa ou em locais onde ela costuma estar.
Segundo dados do Atlas da Violência 2020, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), entre 2013 e 2018, a taxa de homicídio de mulheres fora de casa diminuiu 11,5% no país, enquanto as mortes dentro de casa aumentaram 8,3%. O levantamento concluiu que este dado é um indicativo do crescimento de feminicídios. A violência contra a mulher é uma chaga social que atinge todas as esferas da sociedade, sem escolher origem, classe ou posição social, afetando inclusive mulheres arquitetas urbanistas.
Para isso, os principais objetivos do diagnóstico do CAU/BR são subsidiar a elaboração da “Política do CAU para a Equidade de Gênero”; mensurar a lacuna de gênero atualmente existente na profissão; qualificar o debate sobre gênero na profissão; sensibilizar a sociedade e os arquitetos e urbanistas sobre a pertinência do tema e a sua afinidade com a missão do CAU e subsidiar o cumprimento do compromisso assumido pelo Conselho de promover a equidade de gênero em todas as suas instâncias organizacionais e em seu relacionamento com a sociedade, entre outros.
A pesquisa foi capitaneada pela Comissão de Relações Internacionais (CRI) do CAU/BR, que tem como coordenador o conselheiro federal por Sergipe, Fernando Márcio de Oliveira.
1º Diagnóstico de Gênero da Arquitetura e Urbanismo completo