O apagamento da história, da cultura e da memória de Aracaju

Nota por: Conselheiros do CAU/SE

Surpreendidos com a notícia da eminente demolição do prédio histórico da casa A Fonseca, prevista para as 7:00h do dia 05 de maio de 2024, em atendimento a sentença emitida pela Juiz Anderson Cleiton Santos Rochão, mesmo com parecer contrário da FUNCAJU, o CAU Sergipe emite a presente nota de esclarecimento à sociedade e aos arquitetos e urbanistas sergipanos que não compactua da referida decisão tramitada na terceira vara civil do Fórum Gumercindo Bessa.

O prédio onde funcionava a casa comercial A Fonseca é uma edificação do início do século XX, faz parte do Anexo XI do Plano Diretor de Aracaju, possuindo proteção legal. Com estilo eclético é representante do investimento privado na consolidação centro comercial.

Originalmente tinha uso misto, tendo a fachada ornamentada com cimalha, frisos e adornos, executados com materiais e técnicas que fazem dele único. A sua demolição seria a perda dessa leitura e de seu significado pela população presente e, mais gravemente, por negarmos esse conhecimento aos que ainda estão por vir. Técnicas de consolidação do imóvel garantindo a segurança dos transeuntes e veículos são possíveis e para isso existem técnicos capacitados que precisam ser ouvidos.

A ausência de conservação e manutenção dos edifícios históricos por parte dos proprietários e falta de cobrança por parte do poder público, leva ao arruinamento dos imóveis e a consequente perda das referências culturais por parte da sociedade, e assim encontram-se vários outros imóveis do centro histórico de Aracaju, como o Hotel Palace, o prédio de antigo INSS, Parreiras Horta, o palácio Inácio Barbosa, entre outros.

O centro histórico de Aracaju, área de inegável valor sociocultural, ainda exerce forte influência na economia e turismo do estado. Porém, atualmente, o bairro clama pela criação de estratégias que difundam o patrimônio edificado local, revitalize o comércio, o morar e o viver, como alternativa de combate ao processo de esvaziamento do centro histórico, que resultou em um notório distanciamento de parte expressiva da população aracajuana e dos signos presentes nesses espaços.

Até quando precisamos esperar?