Ícone SICCAU
SICCAU Serviços Online

21/04/2014ㅤ Publicado às 23:39

José Alberto Tostes: presidente do CAU/AP

Parafraseando ao compositor Paulo André Barata quando escreveu a música: “Este rio é minha Rua”, escrevo este artigo sobre o rio Amazonas. O imponente rio Amazonas, está presente na frente de nossa cidade de Macapá, porém, tenho ouvido tem muitas pessoas que passam por nossa cidade, seja a trabalho, de férias ou de visita aos familiares, que a população pouco oportuniza a relação com o rio. Em vários lugares do mundo, o rio é algo especial, como não pensar no rio Sena em Paris, e muitos outros considerados especiais para alguns países e culturas. O rio tem algo de mágico, carrega a energia das águas.

O nosso rio Amazonas serviu de inspiração para que os portugueses construíssem a Fortaleza de São José de Macapá. Este monumento associado ao rio agrega uma paisagem urbana belíssima, todavia, há uma enorme dificuldade para que este rio, que não é qualquer rio, é o rio Amazonas, seja como diz Paulo André Barata, a “Minha Rua”. Esta rua carinhosamente é a passagem que nos une, é o elo entre as gerações, é como se o rio fosse “testemunha” ocular da trajetória da cidade. Sobre o rio, surgem lendas, histórias, mitos, contos, e o nosso rio imponente? O que é preciso para mirarmos a sua beleza cênica? Os portugueses estrategicamente elegeram o rio Amazonas a nossa principal referência. O primeiro governador do Amapá, Janari Nunes, definiu que o rio seria um dos pontos cardeais para se traçar um paralelo com a cidade. Nossas principais simbologias amazônicas estão vinculadas a cultura dos povos ribeirinhos, tem no rio, a expressão máxima desta crença.

Na música de Paulo André, refere-se ao rio com a intimidade do cotidiano, aquela que cerca exatamente o dia-a-dia, cita a figura do “Boto Preto”, marcante em qualquer história que envolve o rio na região, do “Puraquê”, da “Cobra Grande”, dos contos inimagináveis que aprendemos desde a infância. A nossa cidade de Macapá tem o privilégio de ter o rio Amazonas em sua orla, a relação com o rio se intensificou e se perdeu quando os barcos atracavam no Trapiche Eliezer Levi vindo das ilhas, ou da cidade de Belém do Pará. O Trapiche era o braço que faltava para a cidade de associar ao rio Amazonas.

Paulo André cita em um determinado trecho da música: “Rio abaixo rio acima, minha sina cana é, só de falar na mardita me lembrei de Abaeté”. O autor refere-se com certo saudosismo da cidade de Abaeté no estado do Pará, assim é o rio para milhares de pessoas que todos os dias passam por ele. Certa vez um amigo visitando a cidade de Macapá, ao chegar, antes de ir para o hotel, primeiro queria ver o rio Amazonas, desde garoto havia estudado e ouvido falar da imponência do rio Amazonas, levei este amigo na frente da cidade de Macapá, durante mais de 02 horas ficou contemplando aquele cenário, ficou bastante emocionado, chorou, logo pensei, a relação com o rio é algo intenso.

Ao perguntar para um visitante de passagem na cidade de Macapá sobre o rio Amazonas, o mesmo respondeu: – “a cidade está de costas para o rio Amazonas”, fiquei intrigado com tal informação. Nesta afirmação estava à constatação de alguém de fora, de outro lugar, conseguia perceber uma separação momentânea entre rio e a cidade. Muitas coisas podem ser ditas sobre o rio Amazonas, todas iriam parecer apenas dados quantitativos, disso ou daquilo, mas nenhuma afirmação sobre o rio é mais forte do que o sentimento de pertencimento ao lugar, quando se fala na cidade de Macapá, pensa-se logo no rio Amazonas, muito embora, esta relação ainda não seja considerada ideal.

Como diz o Paulo André na canção: “Este rio é minha rua, minha e tua mururé, piso no peito da lua, deito no chão da maré”. A música retrata as nuanças e devaneios onde estão às características do rio, quando Paulo André escreveu esta música, talvez estivesse inspirado na cultura ribeirinha e nos múltiplos rios da Amazônia, e o que dizer do rio Amazonas? Presenciamos todos os dias, e alguns mais privilegiados que tem a oportunidade de acordarem e contemplarem o majestoso.

A nossa orla é rica e diversa, apresenta características bem peculiares, com um pouco de boa vontade poderíamos unir o rio Amazonas ao sentimento de urbanidade na cidade de Macapá. É preciso ver o rio, mais do que ele é,e parece ser, é algo, mais que o cotidiano, transcende suas águas, está no mito, rito, na cultural local e na formação do ser ribeirinho. Tudo parece ter um potencial fantástico. “Este rio é Minha Rua…” como sugere a música, talvez não, mas com certeza, este rio é a nossa vida, a essência de nossa gente. Quantas vezes você já contemplou o rio? Não estamos falando de qualquer rio, este rio, chama-se rio Amazonas.

DEIXE UM COMENTÁRIO

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Artigos

18/05/2020

SC INFORME 23: Conselheira do CAU/SE e médico analisam a distribuição socioespacial do coronavírus na capital Aracaju, em artigo publicado em jornal sergipano

Artigos

08/03/2018

Série Mulheres do CAU/SE: (1º) Artigo da presidente do CAU/SE

Artigos

01/08/2016

Artigo: Dossiê do Patrimônio Cultural Praça São Francisco – SE

Artigos

09/06/2016

“De frente para o futuro”, artigo de Luiz Fernando Janot