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01/06/2023ㅤ Publicado às 15:35

Foto: Leo Ávila

Artigo escrito pelo arquiteto e urbanista Eduardo Rodrigues

De acordo com os historiadores as festas juninas tiveram origem nos antigos povos europeus, e encontraram no nordeste brasileiro um lugar generoso para se estabelecer. Essa festividade foi trazida para o Brasil pelos portugueses, ainda durante o período colonial. Com o tempo, as danças e hábitos desses povos foram se misturando aos aspectos culturais dos brasileiros, construindo características particulares em cada região do país. Os festejos juninos no Brasil, além de manterem as particularidades herdadas da Europa, como a celebração dos dias dos santos, também misturaram elementos típicos do interior do país e de tradições sertanejas, forjadas pela mescla das culturas africana e indígena.

Sergipe, além de ser um dos pioneiros na promoção de festas juninas concentradas no espaço urbano no Brasil, apresenta um São João urbano com peculiaridades estéticas e culturais, que os gestores públicos procuram associar ao patrimônio edificado, à história cultural, ao figurativo das feiras nordestinas e às potencialidades paisagísticas e ambientais. Com a chegada do mês de junho, crianças, jovens e adultos repetem, sem consciência, gestos cheios de simbolismo, expressam valores e modos singulares. Os símbolos como as queimas de fogos e as quadrilhas, as comidas de milho e coco e as fogueiras deram uma contribuição valiosa para a construção da identidade cultural nordestina. Tanto é que as festas juninas têm sobrevivido íntegras em Sergipe, como um bem dos mais importantes de suas festas.

Em Aracaju, o santo conhecido como o mais festeiro dá nome à rua São João, que mantém há 112 anos o festival das quadrilhas, uma das maiores tradições da cultura da capital no bairro Santo Antônio. A oportunidade de ver a apresentação das cores, o balanço das roupas, as batidas de pés e de mãos que dão ritmo, as frases soadas em tons altos como gritos de guerra, o som autêntico do xote, do xaxado e do baião, encanta com a quantidade de efeitos que elas são capazes de produzir para os olhos e para a alma. A fogueira de São João, outro elemento muito característico da festa, é acesa e ilumina as ruas sergipanas enfeitadas de bandeirolas na noite do dia 23. Dentre muitas simpatias associada a ela, a que mais se destaca é saltar as brasas da fogueira, entretanto, de acordo com a tradição católica, a presença desse símbolo faz memória ao nascimento do santo comemorado no dia 24 do mês de junino.

Na cidade de Estância o barco de fogo é uma alegoria pirotécnica ligada aos festejos juninos. Está associado a uma mistura de carpintaria, engenharia, artesanato, sensibilidade e criatividade. Engloba a construção de uma estrutura em madeira cortadas em pedaços milimetricamente marcados para encaixes, uma verdadeira obra de arte. O Barco de Fogo seduz a todos com a sua beleza ao navegar o centro histórico da cidade e está intimamente enraizado dentro da cultura e da paixão dos Sergipanos, trazendo a alegria e embalando sonhos.

Um dos maiores eventos do calendário junino de Sergipe, a Festa do Mastro marca o dia de São Pedro na cidade de Capela. No dia da festa milhares de pessoas vão até a mata do Junco buscar um tronco previamente escolhido. Antes da derrubada é feito o ritual da saudação. No local, são plantadas novas mudas para evitar o desmatamento. Moradores de Capela, de outros municípios e estados brasileiros literalmente se jogam na lama para saudar o São Pedro. A tradicional Festa do Mastro encerra os festejos com homenagens ao último santo do ciclo junino.

Os símbolos temáticos populares presentes nas cidades sergipanas, tais como as tradições, usos, costumes e demais bens culturais expressos na arte e na estética, têm enorme significado para as pessoas que festejam. A motivação popular para a participação é evidenciada na procura por trajes e calçados, facilmente percebida pelo maior movimento das lojas, como também pelo fluxo de pessoas e veículos nas ruas, nos supermercados, bares e restaurantes, é facilmente perceptível para qualquer olhar empírico como a rotina das cidades realmente se torna mais efervescente. Um evento que, na verdade, toma conta da cidade no mês de junho e o sergipano, sem dúvida, é o grande responsável por toda essa receptividade do evento, afinal é ele que diariamente se desloca para os espaços das festas e transforma em prática o acontecimento que transforma a cidade em um cartão postal.

 

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