SC INFORME 27: Pandemia da Covid-19: amplia possiblidade do EAD nas instituições? E a qualidade do ensino, onde fica?
09/06/2020 |
A tentativa de se expandir o Ensino a Distância (EAD) nos cursos de arquitetura e urbanismo já é uma realidade. Recentes normativas do Ministério da Educação (MEC) liberam em portaria, que as universidades federais e particulares podem oferecer cursos de graduação presencial com até 40% de carga horária por meio do ensino a distância. A medida é válida para todas as graduações, com exceção de Medicina.
Entretanto, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR) se posiciona contra o EAD em arquitetura e urbanismo e decidiu até então, não aceitar registros de egressos de cursos à distância. Para o Conselho, o exercício da profissão, relacionado com a segurança e bem estar da sociedade, exige em sua formação acompanhamento presencial, vivência em ateliês, canteiros de obras e experimentos laboratoriais.
Seria o Ensino à Distância a solução adequada em momento de pandemia e após ela também? Mas e a qualidade do ensino, onde fica?
Educação Básica
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), até 25 de março, 165 países haviam fechado suas escolas por causa da pandemia, interrompendo as aulas presenciais de 1,5 bilhão de estudantes e mudando a rotina de 63 milhões de professores de educação básica.
No Brasil, as respostas para a situação têm sido diversificadas, a depender de cada rede ou escola. Na rede pública, Estados e municípios preparam aulas virtuais ou via transmissões de televisão aberta, às vezes complementadas por material enviado às casas dos alunos pelo correio ou transporte escolar. Alguns montam grupos de whatsapp com alunos e professores, trocando vídeos e áudios com atividades.
Vale ressaltar que é nas escolas que se iniciam as relações interpessoais, estas, se estendem de maneira permanente e são estabelecidas na infância, pois perduram durante toda a vida. Desprezar ou vetar esse o princípio das relações sociais é inconcebível no desenvolvimento do ser humano.
Ensino Superior
Até antes da pandemia do novo coronavírus, o Brasil só tinha a experiência de ensino à distância (ou EaD) na educação superior. E, embora as perspectivas sejam de crescimento nesse setor – no qual predominam as instituições privadas de ensino -, os resultados até agora não são todos satisfatórios.
Segundo o mais recente Censo da Educação Superior, feito pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão do Ministério da Educação, em 2018, pela primeira vez na história, o número de vagas ofertadas em cursos universitários à distância (7,1 milhões) foi maior do que o número de vagas em cursos presenciais (6,3 milhões).
Mas o que preocupa é a ainda baixa quantidade de estudantes que conseguem se formar. Em 2018, o Brasil teve 990 mil formandos universitários no ensino presencial, menos da metade da quantidade, (dois milhões) de alunos que se matricularam em universidades presenciais naquele mesmo ano.
Fica evidente que mesmo com as circunstâncias da tecnologia aliadas à realidade de desigualdade social brasileira, os obstáculos escancaram um cenário um tanto complexo e improvisado, para não dizer caótico da educação no país.
Com a nova realidade de pandemia do novo coronavírus, as relações sociais, de trabalho e de ensino de fato sofreram transformações impactantes e inevitáveis para a sociedade, que está mudando seus esforços de maneira rápida. As prioridades mudaram. Mas será que a modalidade de ensino EAD, sem o devido acompanhamento de qualidade nas áreas de arquitetura e urbanismo é adequada, digna e atende às necessidades legais da profissão?
Será mesmo que a única solução do Ensino à Distância é pertinente para a área da arquitetura e urbanismo? Será que os alunos têm acesso aos aparatos tecnológicos necessários como computadores e internet? Quais os pontos positivos e negativos desta modalidade? Necessário se faz uma minuciosa reflexão não apenas neste momento, mas depois da crise. Há de se ponderar os prós e os contras.