“Temos que enxergar novos modelos de negócios, longe da arquitetura elitista”, afirma Baptista em Aracaju
18/03/2020 |
“Temos que enxergar novos modelos de negócios, longe da arquitetura elitista”, afirma Baptista no 3º Archinexus
Dois dias intensos de palestras e debates sobre temas ligados ao Patrimônio Histórico, Assistência Técnica em Habitação de Interesse Social, Empreendedorismo e Ética. Nos dias 03 de 04 de março, Aracaju sediou com sucesso, o 3º Seminário Internacional de Valorização e Desenvolvimento Profissional: Archinexus: Nexos e Fluxos em Arquitetura e Urbanismo.
Profissionais e acadêmicos de arquitetura e urbanismo de vários estados do país reuniram-se no auditório do Museu da Gente Sergipana para discutir novos significados, tendências, desenvolvimentos e rumos da arquitetura e urbanismo no Brasil.
Participaram da mesa de abertura a presidente do CAU/SE, Ana Maria Farias; a coordenadora da Comissão de Políticas Profissionais do CAU/BR, Josemée Lima; o conselheiro federal pelo CAU/SE, Fernando Márcio de Oliveira; o arquiteto urbanista professor da Universidade Federal de Sergipe (UFS) Márcio Pereira; o prefeito do município de Laranjeiras (SE), Paulo Hangenbeck; a arquiteta urbanista coordenadora de Habitação Subnormal da Prefeitura de São Cristóvão (SE), Raquel Menezes e a acadêmica de arquitetura e urbanismo, diretora de Relações Externas da Federação Nacional de Estudantes de Arquitetura e Urbanismo (FENEA), Mayda Miranda.
Pensar em outros nichos de empregabilidade para o arquiteto urbanista e na produção de arquitetura para todos, por meio de questões ligadas ao patrimônio histórico e da ATHIS no Brasil foram uns dos destaques do 3º Archinexus. Esta foi a avaliação da presidente do CAU/SE, Ana Maria Farias que detalhou:
“O patrimônio edificado das cidades tem altíssima qualidade histórica e cultural. Porém, este patrimônio, especialmente alguns sobrados abandonados e habitados pelas camadas populares se encontram, em sua maioria danificados. Ações de ATHIS são muito oportunas para essas cidades históricas, o que nos revela mais um nicho de mercado de trabalho para os profissionais da arquitetura e urbanismo brasileiros”.
Segundo a coordenadora da Comissão de Política Profissional do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), Josemée Lima, o Archinexus surgiu da necessidade de se colocar em prática projetos de Assistência Técnica em Habitação Social (ATHIS) e criar um seminário de empreendedorismo para aplicá-los.
“Precisamos desmistificar que arquiteto só projeta para a elite. O arquiteto projeta para todos. O morador da favela tem o mesmo direito de moradia. É dever do estado e nós enquanto profissionais responsáveis pela cidade temos a atribuição de planejar, executar e promover uma cidade melhor. Não podemos fugir dessa função. Entendemos então que a ATHIS é um nicho de mercado interessante e criamos o Seminário Archinexus para estudar como colocar em prática projetos empreendedores”, disse Jesemée.
A primeira palestra, com o tema “ATHIS e o Patrimônio Histórico Nacional”, foi realizada pelo arquiteto urbanista doutorando da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Daniel Marostegan – com sua experiência em ATHIS e Patrimônio do Canteiro Modelo em Igatu (BA) – juntamente com o doutor em sociologia da UFS Rogério Proença, que apresentou publicamente pela primeira vez sua pesquisa “Perfil Socioeconômico das áreas urbanas tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
O arquiteto urbanista, coordenador da Comissão de Ética e Disciplina (CED) do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), Guivaldo Baptista (BA), abriu o ciclo de palestras da tarde e falou das relações éticas do profissional e as novas formas de fazer negócios na arquitetura e urbanismo.
“Defendo sim as novas tecnologias, mas que sejam acessíveis e baratas para os arquitetos urbanistas brasileiros. Preocupo-me muito com a formação elitista e egocêntrica do arquiteto e com o Ensino a Distância (EAD) e seus desserviços prestados à sociedade brasileira, com relação à qualidade do ensino e dos profissionais. Temos que enxergar novos modelos de negócios, longe da arquitetura elitista. É preciso atuar como sujeito moral e agir com ética”, afirmou Baptista.
O coordenador da Comissão de Desenvolvimento Profissional do CAU/SP, arquiteto urbanista André Blanco falou sobre a necessidade de se equilibrar as novas tendências da arquitetura com a ética e consciência profissional.
“Articular também entre a sociedade civil, e os poderes: público e privado. Esse é o grande exercício dos arquitetos na atualidade, criar requisitos para a produção da arquitetura, da habitação social e suas relações com a sociedade. O equilíbrio entre o econômico, o social e o ambiental são negócios benéficos para a sociedade. Para isso, em nossa oficina ensinamos um plano de negócio, para colocar em prática uma ideia, uma proposta, um projeto, deixando-o operacional”, argumentou.
Houve participação também da consultora de responsabilidade social da Região Nordeste da Votorantim Cimentos, Sabrina Oliveira, que falou sobre projetos sociais voltados para habitação, realizados pela empresa.
Para o arquiteto urbanista recém formado, Rubens Luís, que trabalha na Prefeitura Municipal de Maruim, em Sergipe, discussões como essas são importantes para fomentar a categoria, e a atuação profissional nos órgãos públicos. “Nosso Estado carece de mais discussões sobre ATHIS e esse evento é fundamental para criarmos essas oportunidades”, ressaltou Rubens.
No segundo dia do 3º Archinexus foi realizada uma oficina, ministrada pelos arquitetos urbanistas André Blanco e Luís Antônio Nunes, sobre Prototipagem de ideias e Planos de Negócios em Arquitetura e Urbanismo. Nela foi realizada um brainstorming para elaboração de plano de negócios de projetos voltados à arquitetura social e arquitetura para o público infantil.